Daqui a 20 anos...
Hoje vim aqui fazer um post que, a meu ver, era merecedor de uma bela introdução. Porque ele vai parecer muita viagem, acreditem. Mas viajei tanto pra produzí-lo, que cheguei à conclusão de que esse post é puro sentimento, então talvez eu não deva tentar explicá-lo. Até porque eu perderia linhas e linhas fazendo isso, e ainda sim vocês poderiam não entender como minha imaginação voou tanto. Mas ela voou, numa dessas caminhadas da vida, aquelas em que eu caio mais de uma vez na rua de tão distraída que estou... Se as pessoas soubessem como eu estou longe... Nesse caso específico, a uns vinte anos daqui. E podem sim me chamar de sonhadora ao final desse post. Essa talvez seja minha maior virtude.
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Em algum lugar do futuro, 31 de maio de 2027
Levantei com barulhos na cozinha. Deus do céu, quem estará fazendo tanta bagunça? O relógio me mostra o horário de 7:12. Muito cedo, senhor... Me deixa dormir! Sou uma pobre mulher que trabalha feito condenada, nem feriado eu tenho, me deixa dormir! Mas Deus me sopra aos ouvidos: "Levanta, minha filha... Levanta que não se faz 40 anos todo dia!". No criado-mudo, um bilhete singelo de "Parabéns, amor. Te vejo mais tarde". Mas o que me intriga mesmo ainda é o barulho na cozinha.
Chegando lá, meus olhos se deparam com os quatro presentes mais lindos do mundo. Não é um, nem dois, tampouco três. São quatro. Quatro criaturinhas que iluminam meu viver. Eu sempre quis três, mas saíram... quatro. Não de uma vez, é claro. Mas são 4. Meus olhos então, vão passando de um a um, entre as risadas da Maria* (nome genérico) olhando as trapalhadas dos pestinhas.
Carolina. É a mais velha. Meus olhos pousam em Carolina como pousariam em uma bela estrela. Carolina, em seus dez anos, é naturalmente bela. E tal qual a Carolina de Seu Jorge, "é uma menina bem difícil de esquecer". Carolina é doce... É minha companheira, é minha alegria... Carolina é tão sonhadora quanto eu. Mas eu, no papel de tutora, sempre trago Carolina ao chão. Mas espero que ela não perca essa graça, essa meiguice, esses sonhos tão perfeitamente reconhecíveis, sei bem a quem ela puxou. Carol é a preferida do avô materno, talvez por ser a primeira. Mas é. E dela você nunca ouve um não, uma grosseria. Só risadas... Quem será que ela parece, meu Deus? Meu marido que me perdoe, mas sou eu em outro corpo. Carolina.
Então eu sorrio e olho... Mariana. Ah, essa sim, que pestinha. "Que menina mal-criada", alguns diriam. Mas eu diria que Mariana é... desconfiada. Sim, ela é teimosa, não vou nem discutir. Mas só eu conheço aquele sorriso. "Mariana, parte minha, Mariana, minha flor". Mariana tem 8 anos, mas acha que tem 80. E isso é o mais fascinante e atraente nessa menina. Mariana chega a ser cínica. Não é tão tola ou inocente como Carol. Por isso é a Mari. Totalmente diferente. Mas as duas se dão bem. Dizem por aí que os opostos se distraem. É, elas são capazes de ficar horas brincando. Meus dois anjos. Mas logo no início da brincadeira se ouve a Mariana: "Não pega, Carol. É meu! Mããããããe!"
Agora, eu encaro a ala masculina. Meu sorriso encontra-se com André, olhos brilhantes dizendo "Feliz aniversário, mãe". A voz é de um garoto de 6 anos, mas e a empafia? André é respondão. André é tudo que eu não pedi a Deus. André não tem música, André não tem uma beleza natural, não tem um lado de mim. André é André. Sabe aquele filho que você não sabe a quem puxou? André é assim. Mas André ainda consegue ser encantador. André mistura sarcasmo com ironia. Tudo que eu sempre odiei até... até nascer André. Na verdade, André esconde a vontade de ser aceito, segundo a psicóloga da escolinha dele. Escolinha? Ai, se eu falar escolinha perto do André... André é meu mini-adulto. Que eu amo como gente grande.
Então, eu olho... e não, não consigo não rir... Lá está o menino da música! Esse tem uma música, como as meninas. "El, el, el... Gabriel". Ultimamente ele tem rimado o "el, el, el" com Gaviões da Fiel, mas isso não vem ao caso agora. Gabriel, com seus 4 aninhos, é o mais criativo de todos. E Gabriel é tão esperto que... A professora veio me falar que ele tem duas namoradas na sala. "De certo roubou a do André", pensei comigo. Gabriel, além de criativo, é muito curioso. Perguntas do tipo "Mamãe, de onde vem os bebês?" são fichinha pra ele. Ele quer saber mais. Gabriel faz perguntas tipo "Mamãe, se você é a mãe, por que fico mais tempo com a Maria?". Gabriel tem dúvidas existenciais. Aos 4 anos. Mas ele também se vira com meu cotidiano corrido pra mostrar o quanto me ama. É o filho mais carinhoso, o xodó da vó materna, o meu xodó,d evo admitir. "Fale de quem foi a idéia de fazer o café da mamãe?", pede Maria. "Minha, mamãe!", diz Gabriel.
Tenho um presente bonito, e característico, pra cada década da minha vida. Sou ou não sou a mulher mais feliz do mundo?
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Agradeço, nesse post, a:
* Meu pai, o culpado, único culpado, de tantos sonhos. Quem sabe um dia eu adivinhe certas coisas tão bem quanto você.
* Gui, um dos meus melhores amigos, senão o melhor. Não sou boa em escrever roteiros do nada, mas escrevi do jeito que talvez melhor escreva: reinventando umas histórias pra mim mesma. Talvez eu seja minha personagem preferida, já que você (e meu amigo Luiz, é bom dizer) começaram essa história de que minha vida é uma novela.
* Todas as Carolinas, Marianas, Andrés e Gabriéis que conheci: vocês me ajudaram a construir um pouco da imagem de cada nome que eu escolhi pra minha história.
Crônica (metafórica) de um combate anunciado*
Estava no fim do dia. No fim de uma sexta-feira. Eu andava como quem tem o dever cumprido, como quem cumpriu as cinco tarefas da semana; pra cada um dos dias, um objetivo, um gol alcançado. A rodada havia acabado, e eu estava feliz, muito feliz. Minha felicidade era maior do que saber que ainda havia uma rodada de fim de semana, que meu trabalho não acaba na sexta à noite. Mas eu estava com a sensação de dever cumprido, como se tudo tivesse acabado, como se eu fosse a sensação do campeonato.
Vinha andando distraída; tanta felicidade às vezes me distrai. Sabia onde queria chegar, mas me perdia em algumas ilusões do caminho, alguns pensamentos distantes, de metas muito maiores do que aquelas simples rodadas de trabalho. Minha torcida era maior, e precisava de algo maior que isso. Mas andava como quem sabia que estava no começo. Só no começo. E me distraía, perigosamente.
Foi então que eu o vi. E ele vinha em minha direção. Andar um pouco cambaleante, mas firme em minha direção. Não parecia ter outro lugar para ir. O andar era até um pouco gingado. Um pouco de malícia talvez? Mais experiência? Confiança? Não sei. Talvez.
Pensei em rapidamente atravessar a calçada. Fingir que não era comigo. Pensei, sim, em... fugir. Medo de apanhar no meio das rodadas? Medo de levar alguma surra em meio ao meu contentamento? Sabia que se isso acontecesse faria minha alegria cair por terra. Mas resolvi enfrentar. Pensei comigo: "Ele apenas vem em minha direção. Não posso fugir. E isso não significa que sou eu que vou apanhar dessa vez".
Então, enfrentei. Cara límpida, passo firme, continuei... Nossas distâncias diminuindo, e a ansiedade por nossa batalha apenas aumentando. Podia ouvir as vozes em minha cabeça, totalmente contrastantes de 'você vai mudar essa história' a 'você já sabe como será'. Pensei em titubear. Mas a essa altura já queria vencê-lo, a sede pela vitória era maior. Há muito tempo não o vencia. E sabia que nosso confronto era questão de tempo. Mais cedo ou mais tarde havia de acontecer entre as rodadas da vida. Mais cedo ou mais tarde, eu iria cruzar com ele na mesma calçada.
Então cruzei. Passei por ele. Aqueles segundos duraram uma eternidade, como se alguém tivesse dito 'câmera lenta, por favor'; nosso confronto já era atração, digna de 'luz, câmera, ação'. Em meio a tantas expectativas, das quais as piores eram as minhas próprias, a batalha encerrou-se. Foi difícil? Não. Mas quem venceu? Não sei... Posso dizer que não me senti mal. Não momentaneamente. Pois simplesmente não sei. Gostaria de saber como ele se sentiu. Só poderei saber, talvez, ao fim de mais uma rodada de trabalho, quando eu própria notificar minha alegria, ou minha desgraça.
Mas aí então eu soube que, entre nós, a tensão já é muito maior que o próprio resultado de nosso duelo. Os simbolismos também. As metáforas já se tornaram implícitas, explícitas, enfim, estão em todo lugar. A verdade é que um encontro tão simples, tão banal entre duas pessoas que caminham no meio da rua não teria sido uma batalha se... Se às vésperas de um clássico como esse, ele não estivesse em uma camisa vermelha e preta, listras de cima a baixo. E eu em uma camiseta apenas preta, símbolo do coração bem no meio do peito. Ele era São Paulo; eu, Corinthians. Só resta saber quem vence.
*Inspirado em fatos reais
Chega de Ronaldinho Gaúcho!
Estou um pouco atrasada, mas acredito que ainda em tempo de fazer alguns comentários sobre o amistoso Brasil X Portugal. Eu sei, eu sei, o Gaúcho não jogou. O que me faz pensar o que teria acontecido se ele tivesse jogado.
Cheguei a essa reflexão durante a partida. Galvão, Falcão e cia. estavam comentando a interferência de Tino Marcos, que disse que lá fora os boatos dizem que Ronaldinho Gaúcho está cansado de ser chamado à seleção pra esquentar o banco de reservas. Em meio a toda essa polêmica, ele teria se fingido de "jogador contundido" para não passar por mais essa humilhação.
Discussão vai, discussão vem, o grande Galvão termina os comentários dizendo que esperava que isso não fosse verdade, pois todos os brasileiros querem o Ronaldinho na seleção... Peraí, em que país o Galvão vive? No Sudão?! Eu não quero o Gaúcho na seleção, não! E acredito que não sou só eu. Há tempos o jogador, muitas vezes o melhor do mundo, não é mais unanimidade entre os brasileiros. Ninguém esquece o que ele fez, ou melhor, o que ele não fez na Copa de 2006. O brasileiro esquece fácil as falcatruas dos políticos, mas as do futebol... Ah, essas não, definitivamente.
Se eu já não queria ele na seleção há um tempo, porque a meu ver não precisamos de jogadores que jogam apenas com a bola nos pés, mas não agüentam um mínimo de pressão, imagina depois desses boatos. Ronaldinho precisa baixar a bola, pois parece aquelas crianças que vão jogar no campinho à tarde, se irritam em ser o último selecionado para um dos times e, donos da bola, pegam o brinquedo e falam "Também não jogo mais"... Ah, por favor, quantos anos você tem Ronaldinho? 5?!
Não só é muito mais velho, como tem muito mais experiência. Um jogador que é eleito duas vezes o melhor do mundo não pode ter esse tipo de atitude. É por essas e outras que, entre os Ronaldinhos, sou muito mais o Fenômeno, como disseram por aí!
Comentários femininos abalizados:
* O primeiro, e óbvio, é que esse jogo foi, de fato, teste pra cardíaco. Ou melhor, pras cardíacas, hehe. Kaká, Cristiano Ronaldo, Diego... Alguma mulher aí sobreviveu?!
* Segundo, e óbvio também: O QUE ERA AQUELA CAMISA HORRÍVEEEEEEL DO DUNGA?! Isso porque foi feita pela filha dele, que faz Moda. Me avisem quem é a moça que eu passo longe, por favor...
Homens X Mulheres: Xiiiiiiii...
Bom, vim hoje fazer esse post porque parece que essa é a pauta na minha vida no momento. Por quê? Eu descobri há muito pouco tempo que uma das minhas melhores amigas odeia esses negócios de generalizações... Do tipo "homem é tudo farinha do mesmo saco" ou "mulher não sabe dirigir". Especialmente essas referentes ao sexo das pessoas, ela abomina. Fiquei pensando como uma pessoa como eu, tão atenta aos detalhes das minhas amizades, nunca reparei que ela odiava isso. Talvez seja porque eu não faço essas generalizações com tanta freqüência. Mas adivinhem? Passei a fazer ultimamente, e aí descobri o quanto ela as odiava...
Concordo com ela. É óbvio que toda regra tem sua exceção. Toda mulher dirige mal? Mentira... Tem mulher que dirige bem. Como essa minha amiga, aliás. E tem homem que dirige muito mal (tô com um amigo na cabeça agora, que medo). Homem é tudo farinha do mesmo saco? Pode ser... PODE SER?! Pode ser sim. E é isso que eu vim defender aqui: o fato de que algumas generalizações tem lá sua razão de ser.
Isso pra mim ficou muito claro ontem à noite. Estávamos eu e meu pai na sala assintindo a Corinthians 0 X São Caetano 1. Quanto eu assisto a um jogo de futebol, eu me limito a fazer comentários sobre o FUTEBOL. É lógico que, como mulher, eu reparo em outras coisas. Mas eu acredito que se você, mulher, entende um pouco de futebol, é o suficiente pra você se abstrair e assistir a um jogo como eles, OS HOMENS, assistem. Mas veja bem: eu sou MULHER. Então, ontem escapou um comentário TIPICAMENTE FEMININO (minha amiga deve estar se debatendo ao ler isso, mas é verdade). Num exato momento do jogo, o goleiro Marcelo, do Corinthians, me resolve sair do gol numa hora em que eu achei que ele não deveria sair. Meu comentário futebolístico? "Meu, olha o Marcelo...". Mas então eu continuei: "Nossa, olha o Marcelo... Tão novinho e já falta cabelo pra ele, coitado!". Nesse momento, eu olhei para a cara do meu pai que limitou-se a olhar para mim e para a TV novamente, num gesto que, creio eu, representava a relevância do meu comentário.
Não tô querendo dizer com isso que mulher não sabe comentar futebol. Sabe. É óbvio que sabe. Todas elas? Não. Óbvio que é a minoria. Quem não se lembra da Copa do Mundo de 2006? eu perdi a conta de quantos jogos assistí com a mulherada só comentando dos bonitões da Copa. E eu estava no meio delas. e eu estava no meio dos meninos comentando o FUTEBOL também. agora, pergunte quantos meninos estavam comentando algo além do futebol durante a Copa? Nenhum.
Aonde eu quero chegar com isso? Não, não quero dizer que homem não reconhece quando outro homem é bonito, e aí está mais uma generalização... Nada disso. Quero mostrar que homens e mulheres são sim diferentes. Tal qual as generalizações de que paulista é estressado e baiano é alegre e folgado. Nem todo paulista é estressado e nem todo baiano é alegre e folgado. Mas eles são, sim, de temperamentos diferentes... e isso não é generalização. É cultura.
A cultura feminina é muitas vezes mais ligada à estética do que a masculina. Nos últimso tempos, surgiram os metrossexuais, que podem estar mudando essa história. Mas ela ainda não foi mudada. E, enquanto não for, ainda existirão coisas que nos diferem... Apenas isso. Homens são homens. Mulheres são mulheres.
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Pra terminar: A Jovem Pan de Sorocaba só faltou bater palmas para o comentarista político Carlos Chagas, da rede Jovem Pan SAT. Ontem, Chagas comentou uma enquete deita na cidade de Brasília. A enquete perguntou aos brasilienses se eles sabiam quem era Arlindo Chinaglia, Aldo Rebelo e Gustavo Fruet. Rebelo, agora ex-presidente da Câmara dos deputados, ainda foi reconhecido por um ou outro cidadão. Porém quase ninguém tomava conhecimento de Fruet ou Chinaglia. Chagas, então, fez mais ou menos o seguinte comentário. "Isso acontece em Brasília. Imagina em outras cidades do Brasil? Enquanto os deputados não se tocarem que o brasileiro se preocupa com qual vai ser o salário mínimo, com a comida que ele vai pôr (ou não) no prato da família e com a escola do filho pra pagar no fim do mês, o Brasil não irá pra frente." Se a Pan de Sorocaba bater palmas, pode ter certeza que eu acompanho!