quarta-feira, janeiro 24, 2007

Alguma coisa tá errada...

Eu adoro, simplesmente sou louca por filmes de causas sociais. É óbvio que eu bem gosto de ir ao cinema pra assistir umas comedinhas românticas ou os filmes da Jennifer Aniston, mas eu acho bom não sermos alienados ao ponto de ser a única coisa que pagamos pra assistir. Isso porque hoje eu assisti o filme "Diamante de Sangue", com Leonardo Di Caprio e Jennifer Connelly. Depois que você assiste a um filme como esse, você repara o que está bem debaixo dos nossos narizes: há algo muito errado com o mundo e, principalmente com as pessoas que nele vivem, que se dizem seres humanos.
Filmes como Diamante de Sangue, O Jardineiro Fiel e O Senhor das Armas trazem um pouco mais de perspectiva pra quem vive uma vida pelo menos aparentemente perfeita: sim, do outro lado do mundo, há gente sendo morta pelas armas adquiridas com a troca dos diamantes. Sim, há gente "brincando" de fabricar remédios eficientes para os portadores do vírus HIV e sim, há gente enriquecendo com o tráfico de armas, e eles são os que estão mais longe de ser mortos por elas. Triste verdade.
Também acho que há algo muito errado em mim quando assisto esse filmes... Uma amiga minha fez o seguinte comentário após assistir "Diários de Motocicleta", sobre o ilustríssimo Che Guevara: "Há algo muito errado no mundo. Esse cara rodou países pra lutar pelos pobres, e eu aqui passo meu tempo mexendo no Orkut...". E uma outra amiga minha completou: "E ele era rico!". Aí tô eu assistindo Diamante de Sangue e vejo a Jennifer Connelly encarnar uma jornalista que invadiu o Afeganistão em pleno regime Talebã, e que agora está em Serra Leoa tentando provar a ligação de uma renomada empresa norte-americana vendedora de diamantes com a exportadora que garante que esses diamantes são de outro país. Será que algum dia eu vou deixar de estar sentada num cinema, assistindo um filme com uma amiga e ter um papel importante como o dela? Parar de apenas alugar filmes como esses e vir postar num blog sobre eles, e passar a vivenciar cenas reais em que eu possa denunciar algo como ela queria fazê-lo? Não sei... Sinceramente espero que sim... Sinto imensamente que não estou no mundo a passeio... e se gosto de viver, nem posso estar...
Mas enquanto não faço nada pelo bem mundial (hehe) me deixem apenas elogiar a atuação de Leonardo Di Caprio. Nunca achei nada dele. Nem poderia. Assistir a um filme como Titanic e querer um ator se saía muito bem, na minha opinão, é exigir demais. E esse foi o único filme do DiCaprio que assisti. Depois de hoje, acrescento um infelizmente. Não sei quem está concorrendo com ele na categoria de melhor ator, mas sinceramente? Não deve ter ninguém melhor. Leonardo passou o filme todo falando inglês com sotaque africano, porque seu personagem nasceu no Ziambábue. Veja bem: sotaque AFRICANO! E em nenhum momento você desconfia que, na verdade, ele nasceu nos Estados Unidos. Encarnou o personagem mesmo. Oscar pra ele!
Já que o assunto são causas sociais e acontecimentos globais, aí vão minhas indicações:
Filmes
*Diamante de Sangue
*O Jardineiro Fiel
*O Senhor Das Armas
*Cidade de Deus
*Tiros em Columbine
*Farenheit 11/9
Livro
*Abusado - Caco Barcellos
Se alguém quiser ajudar nessa lista de filmes que não são mero entretenimento, e sim um chamado contra a alienação, indique nos comentários, por favor!

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Fidelidade eterna ao poeta...

Meu pensamento está ligado, hoje, às abstrações literárias de Vinicius de Moraes. Acho lindo, muito lindo, os sonetos do Vinicius, apesar de alguns serem um tanto quanto, hum, qual seria a palavra? Ah, sim, carnais... Ou melhor... HUMANOS. Mas Vinicius que me perdoe: minha fidelidade a ele diz respeito aos seus sonetos de amor eterno, aqueles no qual ele fala sobre se doar e amar até doer... Quisera eu colocar tais palavras no papel. Mas eu me contento, Vinicius: você já escreveu o que sairia de mim se eu tentasse. A mim, me resta apenas reproduzir aqueles que parecem sair de minha alma. Obrigada, Vinicius!

Soneto de Fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Soneto a Quatro Mãos

Tudo de amor que existe em mim foi dado
Tudo que fala em mim de amor foi dito
Do nada em mim o amor fez o infinito
Que por muito tornou-me escravizado.

Tão prodígo de amor fiquei coitado
Tão facil para amar fiquei proscrito
Cada voto que fiz ergueu-se em grito
Contra o meu próprio dar demasiado.

Tenho dado de amor mais que coubesse
Nesse meu pobre coração humano
Desse eterno amor meu antes não desse.

Pois se por tanto dar me fiz engano
Melhor fora que desse e recebesse
Para viver da vida o amor sem dano.

Vinicius de Moraes

segunda-feira, janeiro 01, 2007

Feliz Ano Novo, by Drummond!

Bom, de uns tempos pra cá, venho encontrado frases simplesmente fantásticas do senhor Carlos Drummond de Andrade. Talvez seja por causa de um suplemento que fiz na faculdade sobre Machado de Assis; desde então, notei que eu reparo mais em obras e autores famosos, não sei porquê, acho que me reapaixonei pela literatura. Tenho esse amor desde o colegial. Mas assim que ingressei na faculdade, acho que ele meio que hibernou. Enfim...
Mas hoje é o primeiro dia do ano de 2007, né? Então vou publicar um texto do Drummond, que é o que eu mais gosto. SIM, eu copiei lá do blog do jornalista Juca Kfouri, mas NÃO, NÃO copiei a IDÉIA dele. Já queria postar esse texto desde que pensei em o que faria aqui como comemoração ao Ano Novo. E meu pai é prova de que amo essas palavras (já havia comentado com ele). Então, aí vai:

TEMPO. . .

Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança,
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar
e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez
com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui para adiante vai ser diferente...

...Para você,
Desejo o sonho realizado.
O amor esperado.
A esperança renovada.

Para você,
Desejo todas as cores desta vida.
Todas as alegrias que puder sorrir.
Todas as músicas que puder emocionar.

Para você neste novo ano,
Desejo que os amigos sejam mais cúmplices,
Que sua família esteja mais unida,
Que sua vida seja mais bem vivida.

Gostaria de lhe desejar tantas coisas.
Mas nada seria suficiente...

Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos.
Desejos grandes e que eles possam te mover a cada minuto,
ao rumo da sua FELICIDADE!!!

(Carlos Drummond de Andrade)