Há exatos 4 anos atrás...
Diário de bordo de uma corintiana
15.12.2002
"Ser corintiano é muito mais que torcer com amor. É sofrer por amor." by Natália
Naquele domingo, acordei às 6:47. Lembro da imagem do relógio marcando esse horário como se eu tivesse acabado de acordar, pronta e disposta para aquela finalíssima brilhante que estava por vir. Naquele 15 de dezembro, um emocionante Santos X Corinthians, da época em que o Campeonato Brasileiro acabava em mata-mata.
Tomei banho muito animada, e no café tomei um raso leite com Nescau. Queria ir logo, o coração corintiano pulsando no peito. E os remédios, pegou os remédios? Leva uma garrafinha de água! Pega uma sacolinha... Então saímos, eu e meu pai, que dizia ter mais vontade de ir àquele jogo do que eu, mas àquela altura eu já duvidava tanto...
Fomos a pé até a rodoviária de Sorocaba, que é perto de casa. Compramos o bilhete para o ônibus das oito e, antes de embarcarmos com destino a São Paulo, paramos na banca de revistas para comprar o Lance!. Tive que me contentar com as avalanches de Robinho e Diego nas capas das revistas, afinal eles eram a sensação do Campeonato. Pequenas, as reportagens corintianas me interessaram muito mais. No ônibus, tudo tranqüilo!
Ao chegar à capital, resolvemos ir a pé até o estádio do Morumbi. E eu soltei a frase: "O que a gente não faz pelo Corinthians?!". Só não imaginei que eu fosse fazer tanto. Eu, uma menina de 15 anos, de calça jeans e naquele sol de dezembro, com bolsa e sacolinha (acredite, elas irritam se você vai andar um bom tempo a pé), caminhei boa parte da avenida Francisco Morato e virei na rua que dava acesso ao Morumbi. Nela, os primeiros sinais de movimentação corintiana, em plenas 10:45. O jogo era às 17 horas daquele dia que seria longo, mas que teria passado quando menos percebêssemos.
Fomos a São Paulo sem ingresso, e as bilheterias só vendiam cadeiras para sócios do São Paulo... Mas enfim, a luta valeu! Tivemos que nos render aos cambistas, que venderam duas cadeiras numeradas pelo preço de 70 reais cada (o preço nas bilheterias era de 25 reais!), não sem antes sermos enganados por um cambista que dizia ter dois ingressos de numerada inferior a 60 reais cada, e nos vendeu dois ingressos da geral por esse preço! Graças a Deus, quando o cambista enganador foi buscar os dois ingressos da geral, ele nos indicou uma barraca para esperarmos. Após a enganação, reclamamos, e o dono da barraca foi atrás do amigo cambista, que acabou devolvendo o dinheiro, com muito custo e aquela cara de... Bom, deixa pra lá!
Ao adentrarmos no estádio, logo após a abertura dos portões às 13:30, coloquei minha camisa do Corinthians (que estava na bolsa por temer um encontro com santistas e uma possível represália por parte deles)...
O Morumbi, naquele horário, estava parcialmente cheio. As torcidas já gritavam seus hinos e gritos de guerra. E tinha cada figura... Um corintiano gritou "Rola a bola que eu tô ficando nervoso!". E eram apenas duas da tarde...
De repente, ouve-se das numeradas um "Timão, E Ô" aterrorizante. Olhei pra trás esperando a invasão de 20 corintianos, no mínimo, que estivessem cantando o coro. Só que apareceram só quatro, porém deram um show à parte, ao chegar pulando com gorrinhos de Papai Noel preto e branco e chamando a atenção de todos. "Timão E Ô, Timão E ÔÔ...". Eu fui ficando encantada. E acontecia cada coisa... Por exemplo, um santista declarado, de camiseta e tudo, que aparece em plena Fiel nas cativas, bem ao lado de onde estávamos eu e meu pai, e leva um sonoro "Fora" da Fiel torcida. Noutro momento, torcedores malucos (não necessariamente pelo time) subindo pelas grades, das numeradas em direção à Arquibancada da Gaviões...
Enfim, os times entram em campo. A galera corintiana exalta seu time, mas o meio campo santista vira o alvo ao ecoar um "Diego, viado... Diego, viado...". Nesse momento, não podia decepcionar a torcida a que pertencia, e acompanhei o coro, traindo minhas concepções estéticas.
Depois de passar uma semana com dores musculares e e de repouso, aos cinco minutos de jogo Diego sente uma contratura na coxa esquerda, e é substituído por Robert.
O primeiro tempo termina 1 a 0 para eles pois, com as pedaladas de Robinho, Rogério, atordoado, comete um pênalti. O Doni, goleiro do Timão na época (coitado!) não saiu nem na foto: bola pra um lado, Doni pro outro.
Tamanhos eram os nervos, que o estádio inteiro assistiu ao jogo em pé. No intervalo, os corintianos estavam desacreditados, afinal, precisávamos, naquele momento, de 3 gols, pois o Santos havia ganhado o primeiro confronto da final por dois a zero. Um corintiano, atrás de mim, falava com um santista ao celular e dizia ao "maluco sangue bom" para ele torcer para "o nosso Corinthians não perder, senão alguém vai apanhar!". O mesmo corintiano, no início do segundo tempo, informou que o jogo seria 3 a 1 em alto e bom som, e disse para ficarmos calmos. Só não explicou como.
O Corinthians empatou e virou com duas cabeçadas: a primeira de Deivid e a segunda de Anderson, mas já havia desperdiçado muitas chances nos milagres de goleiro santista, Fábio Costa. Mas quem queria saber das defesas dele, diante da real possibilidade de vercermos a batalha, fazendo 3 a 1? O "maluco" atrás de mim (sim, aquele do celular) já dizia "Eu já sabia!", e eu já chorava... Os santistas estavam aterrorizados com a hipótese de morrer na praia novamente.
Mas eles mereciam, pois tinham Robinho, que veio pela direita e cruzou para Elano marcar. Havia menos de sete minutos para o fim do campeonato brasileiro de 2002. Nesse momento, eu já dizia, intimamente, "Parabéns, Santos!", mas não estava triste; como disse, eles mereciam, afinal, eram 18 anos sem título... Seria o primeiro pôster santista colorido!
Mas tinha mais. Robinho (ele de novo!) deixa pra trás Kléber e Vampeta, e toca para Léo fazer 3 a 2. Era o fim, e o Santos sagrou-se campeão brasileiro daquele ano.
E eu venci também! Venci ao realizar uma longa caminhada no sol, ao pagar caro aos cambistas, ao ser enganada, ao conseguir uma dor na perna ao final daquele dia, e ao empurrar meu time com os demais corintianos, cantando o hino do nosso coração, o hino do Todo Poderoso Timão, quando o time perdia de 1 a 0... Ao fim, saímos de cabeça erguida! Torcida, equipe, comissão técnica... Não simplesmente venci; vencemos!
Tenho plena convicção de que, em termos universais, muito pouco fiz ao Corinthians, ou aos jogadores, ou à torcida... Mas faria tudo de novo, sofreria de novo, por amor a esse time, a essa camisa e a essa nação...
15.12.2002
"Ser corintiano é muito mais que torcer com amor. É sofrer por amor." by Natália
Naquele domingo, acordei às 6:47. Lembro da imagem do relógio marcando esse horário como se eu tivesse acabado de acordar, pronta e disposta para aquela finalíssima brilhante que estava por vir. Naquele 15 de dezembro, um emocionante Santos X Corinthians, da época em que o Campeonato Brasileiro acabava em mata-mata.
Tomei banho muito animada, e no café tomei um raso leite com Nescau. Queria ir logo, o coração corintiano pulsando no peito. E os remédios, pegou os remédios? Leva uma garrafinha de água! Pega uma sacolinha... Então saímos, eu e meu pai, que dizia ter mais vontade de ir àquele jogo do que eu, mas àquela altura eu já duvidava tanto...
Fomos a pé até a rodoviária de Sorocaba, que é perto de casa. Compramos o bilhete para o ônibus das oito e, antes de embarcarmos com destino a São Paulo, paramos na banca de revistas para comprar o Lance!. Tive que me contentar com as avalanches de Robinho e Diego nas capas das revistas, afinal eles eram a sensação do Campeonato. Pequenas, as reportagens corintianas me interessaram muito mais. No ônibus, tudo tranqüilo!
Ao chegar à capital, resolvemos ir a pé até o estádio do Morumbi. E eu soltei a frase: "O que a gente não faz pelo Corinthians?!". Só não imaginei que eu fosse fazer tanto. Eu, uma menina de 15 anos, de calça jeans e naquele sol de dezembro, com bolsa e sacolinha (acredite, elas irritam se você vai andar um bom tempo a pé), caminhei boa parte da avenida Francisco Morato e virei na rua que dava acesso ao Morumbi. Nela, os primeiros sinais de movimentação corintiana, em plenas 10:45. O jogo era às 17 horas daquele dia que seria longo, mas que teria passado quando menos percebêssemos.
Fomos a São Paulo sem ingresso, e as bilheterias só vendiam cadeiras para sócios do São Paulo... Mas enfim, a luta valeu! Tivemos que nos render aos cambistas, que venderam duas cadeiras numeradas pelo preço de 70 reais cada (o preço nas bilheterias era de 25 reais!), não sem antes sermos enganados por um cambista que dizia ter dois ingressos de numerada inferior a 60 reais cada, e nos vendeu dois ingressos da geral por esse preço! Graças a Deus, quando o cambista enganador foi buscar os dois ingressos da geral, ele nos indicou uma barraca para esperarmos. Após a enganação, reclamamos, e o dono da barraca foi atrás do amigo cambista, que acabou devolvendo o dinheiro, com muito custo e aquela cara de... Bom, deixa pra lá!
Ao adentrarmos no estádio, logo após a abertura dos portões às 13:30, coloquei minha camisa do Corinthians (que estava na bolsa por temer um encontro com santistas e uma possível represália por parte deles)...
O Morumbi, naquele horário, estava parcialmente cheio. As torcidas já gritavam seus hinos e gritos de guerra. E tinha cada figura... Um corintiano gritou "Rola a bola que eu tô ficando nervoso!". E eram apenas duas da tarde...
De repente, ouve-se das numeradas um "Timão, E Ô" aterrorizante. Olhei pra trás esperando a invasão de 20 corintianos, no mínimo, que estivessem cantando o coro. Só que apareceram só quatro, porém deram um show à parte, ao chegar pulando com gorrinhos de Papai Noel preto e branco e chamando a atenção de todos. "Timão E Ô, Timão E ÔÔ...". Eu fui ficando encantada. E acontecia cada coisa... Por exemplo, um santista declarado, de camiseta e tudo, que aparece em plena Fiel nas cativas, bem ao lado de onde estávamos eu e meu pai, e leva um sonoro "Fora" da Fiel torcida. Noutro momento, torcedores malucos (não necessariamente pelo time) subindo pelas grades, das numeradas em direção à Arquibancada da Gaviões...
Enfim, os times entram em campo. A galera corintiana exalta seu time, mas o meio campo santista vira o alvo ao ecoar um "Diego, viado... Diego, viado...". Nesse momento, não podia decepcionar a torcida a que pertencia, e acompanhei o coro, traindo minhas concepções estéticas.
Depois de passar uma semana com dores musculares e e de repouso, aos cinco minutos de jogo Diego sente uma contratura na coxa esquerda, e é substituído por Robert.
O primeiro tempo termina 1 a 0 para eles pois, com as pedaladas de Robinho, Rogério, atordoado, comete um pênalti. O Doni, goleiro do Timão na época (coitado!) não saiu nem na foto: bola pra um lado, Doni pro outro.
Tamanhos eram os nervos, que o estádio inteiro assistiu ao jogo em pé. No intervalo, os corintianos estavam desacreditados, afinal, precisávamos, naquele momento, de 3 gols, pois o Santos havia ganhado o primeiro confronto da final por dois a zero. Um corintiano, atrás de mim, falava com um santista ao celular e dizia ao "maluco sangue bom" para ele torcer para "o nosso Corinthians não perder, senão alguém vai apanhar!". O mesmo corintiano, no início do segundo tempo, informou que o jogo seria 3 a 1 em alto e bom som, e disse para ficarmos calmos. Só não explicou como.
O Corinthians empatou e virou com duas cabeçadas: a primeira de Deivid e a segunda de Anderson, mas já havia desperdiçado muitas chances nos milagres de goleiro santista, Fábio Costa. Mas quem queria saber das defesas dele, diante da real possibilidade de vercermos a batalha, fazendo 3 a 1? O "maluco" atrás de mim (sim, aquele do celular) já dizia "Eu já sabia!", e eu já chorava... Os santistas estavam aterrorizados com a hipótese de morrer na praia novamente.
Mas eles mereciam, pois tinham Robinho, que veio pela direita e cruzou para Elano marcar. Havia menos de sete minutos para o fim do campeonato brasileiro de 2002. Nesse momento, eu já dizia, intimamente, "Parabéns, Santos!", mas não estava triste; como disse, eles mereciam, afinal, eram 18 anos sem título... Seria o primeiro pôster santista colorido!
Mas tinha mais. Robinho (ele de novo!) deixa pra trás Kléber e Vampeta, e toca para Léo fazer 3 a 2. Era o fim, e o Santos sagrou-se campeão brasileiro daquele ano.
E eu venci também! Venci ao realizar uma longa caminhada no sol, ao pagar caro aos cambistas, ao ser enganada, ao conseguir uma dor na perna ao final daquele dia, e ao empurrar meu time com os demais corintianos, cantando o hino do nosso coração, o hino do Todo Poderoso Timão, quando o time perdia de 1 a 0... Ao fim, saímos de cabeça erguida! Torcida, equipe, comissão técnica... Não simplesmente venci; vencemos!
Tenho plena convicção de que, em termos universais, muito pouco fiz ao Corinthians, ou aos jogadores, ou à torcida... Mas faria tudo de novo, sofreria de novo, por amor a esse time, a essa camisa e a essa nação...
Natália, Sofredora, graças a Deus...
5 Comentários:
Eu sou testemunha viva e sobreviva, desta grande epopéia corintiana e faria tudo, mas tudinho mesmo para reviver aquele dia novamente.
E olha que nós perdemos, mas o nosso amor só aumentou pelo TODO PODEROSO...
Só um corintiano, raça pura, sabe do que estamos falando.
Um dia ainda vou ao Japão , ver meu coringão, não sei quando, mas sei que vou. O, O, O, O corintiano, maloqueiro e sofredor...
Beijos
Grande história, emoção pura, é isso aí Na.
abração
amigaaa... passei pra dizerr que te amo!!!
to com preguiça de ler... mas meu coments esta akii!
que orgulho de vc!! ihiih
bjaummm saudadesss
entao..segunda tentativa
rsrsrs...
entao..nesse jogo....puta dia triste..afff...
e sempre lembrado pela minha mae..rsrs...qd me exalto vendo o timao....pq nesse dia infeliz eu quebrei o controle da tv..rs....o santos fez o terceiro gol..ae o ainfeliz aqui mandou o controle na parede...rsrs..
ja era..rsrs...bom..é isso.rs...boa sorte com o blogggggg
Então né?
Há exatos um ano comemorava eu o tri mundial. rs
(nao deu pra não zuar!)
Mas... torcer pro timão é coisa singular, outra coisa singular é a maneira de como a torcida vibre no estádio, já acompanhei vários jogos no pacaembú e é bem foda...
mas, uma pena que o time não ajude!
Maravilha de blog Náá! Entrou pro time dos blogueiros da sala! :D
bjão Nááááá
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